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PATRÍCIA ALVARENGA
( Minas Gerais – Brasil )
Graduada em Psicologia pela Unipac de Ipatinga em 2011, fiz uma especialização em Avaliação e Diagnóstico Psicológico pela mesma faculdade. Iniciei meu trabalho como psicóloga no Sistema Único de Assistência Social_SUAS, onde tive a oportunidade de trabalhar com acompanhamento de famílias, grupos de mulheres vítimas de violência e adolescentes em risco pessoal e social. Estou me especializando em Psicologia Existencial e Humanista Fenomenológica, além de cursos de formação para atendimentos online. Atualmente sou Psicóloga concursada pela Prefeitura Municipal de João Monlevade.
NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p. ISBN 978-65-994-783-7-6-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
OUTRORA SE PARECE
COM O AGORA
Queria escrever um poema,
Mas sobre o que escreveria?
Poetizaria sobre o amor?
Já tão demodê... Para que serviria?
Escreveria sobra a vida sem sentido
Cheia de vazios?
Ou sobre as mortes solitárias
Sem o último olhar de despedida?
Falaria sobre as palavras que nunca foram ditas
Nos leitos de morte ao moribundo?
Ou sobre os enterros sem velórios,
Sem rituais, ou despedidas,
Ou abraços reconfortantes dos queridos
após brigas?
Os mortos, que são eles?
Vítimas do vírus de agora,
Ou desaparecidos sob a tortura de outrora?
De repente ficou tudo tão parecido...
As mortes de agora se parecem
Com as mortes de outrora.
Qual o valor da vida?
Da vida daquele que já estão fracos...
Da vida daqueles que já não dão mais lucro...
Da vida daqueles considerados
Inimigos.
Os corpos sã levados sós para os sepulcros,
Como lixos biológicos
Precisam ser descartados com segurança,
Assim também eram descartados
Os corpos dos desaparecidos de outrora.
Mas o comércio anda cheio de infectados,
A economia não pode parar...
E os mortos sob tortura de outrora?
A economia estava a disparar
Diziam antes... Dizem agora:
É a vida? O que é a vida?
Um sopro,
Apenas um sopro...
ONDA ROXA
Há uma onda roxa.
Há uma onde de mortes.
Há uma onda triste.
Há uma onda sem fim.
Pessoas partem
Para uma viagem sem volta,
Para onde?
Não sabemos.
São levadas por um vírus,
Todos nós somos
Potenciais portadores,
Potenciais assassinos,
Ou
Vítimas...
Não sabemos.
Muitos não se assustam,
Muitos não se importam
Com esse abismo escuro.
Que parece não ter fim.
Mas há algo pior,
Há algo muito pior!
Há algo sombrio
Dentro das casas,
Nas ruas,
Nos becos escuros,
Em lugares ermos.
Ou mesmo
À luz do dia,
Na saída do trabalho
Talvez queiram seu carro,
Talvez queiram sua carteira,
Seu celular,
Talvez queiram suas senhas,
Talvez queiram seu corpo.
Seu medo,
Seu horror.
Há algo perverso,
Sádico,
Covarde...
Há pessoas sem afeto natural,
Sem compaixão,
Seres cruéis.
O mal existe meus queridos!
O mal existe!
O mal se parece com um de nós.
Jesus disse há dois mil anos
Que nos últimos dias
Nos corações dos humanos
O amor se esfriaria.
*
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Página publicada em dezembro de 2021
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